terça-feira, 25 de junho de 2013

Ai, Manuel... e a Madalena?

Vocês desculpem, mas vão ter de me ouvir contar o que se passou ontem com a maluquinha da Madalena. Eu preciso de desabafar e muito!!!
Já alguma vez vos aconteceu terem passado horas e horas a preparar um trabalho, imprimirem tudo impecável, ter tudo fantástico, pronto e… Isso, estragar-se tuuuuuuuuuuuuuuuuuuudo!
Nem imaginam! Veio da cozinha a Madalena, com um alguidar pequeno. Ao princípio, nem percebi bem o que era, olhei para ela sem ligar nenhuma, estava entretido a verificar as capas especiais que me engoliram horas infinitas naquela tarde – tive de ir ao centro de cópias para conseguir que a capa fosse como se de uma revista se tratasse.
Sim, sim, eu sei que estamos de férias, mas gosto destas coisas. Ter assim tanto tempo livre não é muito o meu estilo e, como gosto de pesquisar, ligar informações umas às outras, preparar questionários divertidos, tive esta ideia – elaborar uma revista sobre o que as pessoas pensam do trabalho. Não, parvos, não é sobre este meu trabalho, é o trabalho de uma forma geral, o emprego, percebido?

domingo, 23 de junho de 2013

O Filipe, a Madalena e... mais alguém!

Foi então que tudo aconteceu. Sem que eu desse por isso, à frente dos meus olhos estava um touro negro como uma noite sem estrelas a olhar para mim intensamente. O raio do bicho até inclinava a cabeça de lado para me ver melhor.
«Olá!, tenho companhia», pensei eu.

Na verdade aquilo era um gigante, um camião TIR, um arranha-céus. Um touro matulão, com a única vantagem de estar parado (e de não ter outro entretém senão fitar-me). Imediatamente pensei nas duas miúdas, o «bichano» veio visitar-me sozinho? Não me parecia possível ser exemplar único, onde estariam os companheiros? A ameaçar a Madalena e a Mónica? Foi tudo isto que me cruzou o pensamento, mas por pouco tempo. O touro começou a soprar e a raspar com uma das patas da frente no chão. Não sabia o que havia de fazer. Ficar ali, fugir, virar costas de mansinho, chamar pela Mónica? Gritar por socorro? 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

O Miguel, em "A Madalena e eu"

– Anda – disse-me a Madalena, afastando-me da azáfama que decorria no rescaldo do almoço.
Até me daria jeito, noutra ocasião qualquer, escapar a levantar a mesa não é mau. Mas aturar a ciganita quando está com aquele ar determinado é sempre muito pior.
– O que é, diz lá.
– Anda, anda.
E fui. Para quê? Ora, para o pesadelo mais estúpido que se podia imaginar: a Madalena queria que eu a ensinasse a jogar futebol com o Mister. Revirei os olhos, a pedir clemência divina, mas nada aconteceu.
– Ouve lá, Madalena, tu não percebes que o Mister não sabe jogar?
– Claro! Ainda não ensinaste-lhe nada!
– Ainda não lhe ensinaste nada, é assim qu…
– Pois não! Eu também não sei!!!
– Não era isso… Estava a corrig… Esquece. – Respirei fundo. E a Rita? E as saudades dela? – Está bem, eu ensino-vos, mas só até às quatro, que vou lanchar com a minha namorada.
– A Rita?
– Claro que é a Rita, Madalena, que parva.
– Então está bem!

Porque será que me soou tão mal aquela frase? 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

A Maria, em "A Madalena e eu"

– Estás tão bonita, Maria! – elogiou a mãe, – olhando-me de alto abaixo. – Onde é que foste desencantar essa túnica brilhante?
E mais um bocadinho...
 Foi o João Pedro que me deu.
Era de facto linda, a minha túnica branco-sujo com aplicações de brilhantes, que lhe dava uma tonalidade cinzenta. Depois, enfiei umas leggings cinzentas e umas sandálias brancas e prateadas de tacão alto.
– Ai, mãe, estou tão preocupada com o jantar. E se alguma coisa corre mal?
– O que é que pode correr mal, filha? Vá, deixa-te de tolices!, vai tudo correr sobre rodas, o jantar está a ficar uma delícia, a Alice caprichou mesmo, não sai da cozinha, a pobre coitada!
– E a mesa está bonita, não está, mãe? A Mónica, imagine, mãe, a Mónica!, foi ela mesma apanhar as flores e arranjar o centro com dálias e camélias… – Apesar das flores da Mónica, aquele assunto continuava a preocupar-me: – E se a Madalena faz uma birra?
– Uma birra? Fora de questão, Maria, ela fica sentada à mesa, bem controlada, entre o Manel e o Miguel, e sabes como é, basta o pai abrir-lhe os olhos…
– Não estou certa disso, mãe, a Madalena está furiosa com a história de ter sido despromovida de «menina das alianças».
A minha mãe deixou-se cair no sofá. Imagino como tudo aquilo era, para ela, um desgaste enorme… A cozinha, a mesa, nós os sete, os namorados, o casamento não se sabia quando, e agora, a juntar a tudo, as possíveis birras da mais nova num jantar de cerimónia.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A Mónica, em "A Madalena e eu"

Só para aguçar a curiosidade...

Está certo. Eu estava irritada, era um daqueles dias em que me apetecia despedaçar o mundo em mil bocados… O cabelo espetava em todas as direções, a Alice não tinha tirado as nódoas do meu top predileto, os ténis estavam sujos de lama e nascera-me uma borbulha horrorosa, daquelas que têm uma cabeça branca gigantesca, mesmo por cima do lábio… Mas havia pior, o Mister, nessa manhã de sábado, não parava de ladrar, pois avistara um gato em cima do muro do jardim e ficou cá num desassossego, que nem vos digo! Alternava o ladrar e a inquietação com o ganir da fúria, lambendo os beiços de vontade…